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Terapia do Esquema

Como funciona? Qual sua diferença para a psicanálise? Tire aqui suas dúvidas.


A Terapia do Esquema é uma forma de psicoterapia que combina elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) com outras abordagens terapêuticas, como as teorias psicanalíticas, gestalt e humanista - sendo compatível, inclusive, com técnicas de Psicoterapia Analítica Junguiana.


Ao longo da vida, o indivíduo desenvolve padrões negativos repetitivos de comportamento que se tornam profundamente arraigados, chamados de esquemas desadaptativos. A Terapia do Esquema busca identificar e abordar padrões, de forma a desenvolver uma maneira mais adaptativa e saudável de pensar, sentir e se relacionar com os outros.


Esquemas desadaptativos e Domínios Esquemáticos

Como resultado de experiências ou traumas na infância, a criança desenvolve formas de pensar, sentir e se comportar como mecanismo de defesa, de forma a garantir sua sobrevivência no ambiente em que se encontrava.


Existem 18 esquemas desadaptativos, agrupados em 5 domínios esquemáticos. Cada esquema possui 3 estilos de enfrentamento e alguns modos comportamentais (que remetem a arquétipos junguianos, aliás).



Domínio Esquemático de Desconexão e Rejeição


Quando as necessidades básicas de segurança, estabilidade, cuidado e empatia não foram satisfeitas para uma criança, ela pode vir a desenvolver esquemas do domínio de desconexão e rejeição. O ambiente de origem desta criança provavelmente era frio, distante, rejeitador, solitário, imprevisível ou abusivo. Vamos a um exemplo.


Se, na infância, um cuidador sempre ameaçava deixar o lar, estava com doença grave à beira da morte, ou efetivamente morreu (suicídio ou não), a criança pode ter sentido falta de estabilidade e segurança, temendo ser abandonada e ficar sozinha no mundo (esquema de abandono/instabildiade). Isso pode este indivíduo, na vida adulta, a ter pensamentos como "sempre serei abandonado".


Domínio Esquemático de Autonomia e Desempenho Prejudicados

Ao longo de seu desenvolvimento, crianças precisam se sentir capazes de sobreviver e funcionar de forma independente e ter um bom desempenho. Se, contudo, são criadas em um ambiente de funcionamento emaranhado (adultos decidem tudo pelas crianças, sem considerar seus desejos, mesmo que viáveis) ou superprotetor (a criança não pode fazer nada, pois tudo pode terminar em catástrofe - doenças, lesões, vergonha, notas ruins etc.), ela vir a desenvolver esquemas do domínio autonoima e desempenho prejudicados.


Se, por exemplo, uma criança sempre ouve que nunca vai dar conta de fazer algo sozinha e sempre sofre a intervenção de um adulto, pode vir a acreditar, no futuro, que fracassará inevitavelmente em todos os seus planos (esquema de fracasso).


Domínio Esquemático de Direcionamento para o Outro

O ambiente de origem da criança é de aceitação condicional: a criança deve suprimir aspectos de si e fazer exatamente o solicitado pelos adultos para receber amor, atenção e aprovação. Há um foco excessivo nos desejos, sentimentos e solicitações dos outros, em detrimento das próprias necessidades.


A criança pode ter ficado, por exemplo, sobrecarregada de tarefas que deveriam ser somente de adultos e teve que executá-las à risca, às custas do seu bem-estar. Este tipo de situação pode levá-la a se tornar um adulto que, mesmo se prejudicando, acredita que seria egoísmo não fazer o que lhe pedem (esquema de autossacrifício).


Domínio Esquemático de Supervigilância e Inibição

A criança cresceu em um ambiente no qual era necessário suprimir seus sentimentos e escolhas para cumprir regras e expectativas rígidas que, caso não fossem cumpridas, poderiam ensejar punição. Neste tipo de ambiente, existe muito mais dever do que lazer.


Muitas crianças já tiraram nota 9 na prova e ouviram de adultos "por que não nota 10?", como se seu esforço de nada tivesse valido, afinal não atingiu a perfeição. Na vida adulta, este ambiente pode levar a um adulto perfeccionista que acredita que, se não fizer tudo impecável, será mal visto ou dará tudo errado (esquema de padrões inflexíveis/postura crítica exagerada).


Domínio Esquemático de Limites Prejudicados

Neste ambiente, há uma deficiência em ensinar a criança a estabelecer limites internos, responsabilidade com os outros ou objetivos de longo prazo. Há excesso de permissibilidade, sem orientação ou com sensação de superioridade. A criança acaba não sendo ensinada a tolerar níveis normais de desconforto e acaba por sempre procurar atalhos, exigir privilégios ou direitos especiais.


Uma criança que comete um erro neste ambiente não é orientada a assumir responsabilidade. Geralmente, há relativização "não sabia o que estava fazendo", ou a responsabilidade é atribuída a terceiros. Na vida adulta, este indivíduo pode passar a acreditar que todos precisam se desdobrar para resolver as coisas para si (esquema de arrogo/grandiosidade).



Estilos de Enfrentamento

Cada um dos 18 esquemas desadaptativos pode se apresentar no comportamento via 3 estilos de enfrentamento, que remetem às respostas primitivas a ameaças, visto que, do ponto de vista de uma criança (que depende de adultos para sobreviver), o contexto em que foi desenvolvido um esquema representa a presença de uma ameaça.


É sempre importante lembrar que, na infância, os esquemas e os estilos de enfrentamento diante de ameaças são adaptativos - foram eles que permitiram à criança sobreviver em seu ambiente. No entanto, ao crescer, o contexto muda, mas o adulto não consegue mudar o comportamento, e fica aprisionado em seus esquemas, que se tornam desadaptativos, trazendo sofrimento.

Resposta Primitiva

Estilo de Enfrentamento

​PARALISIA

​RESIGNAÇÃO

FUGA

EVITAÇÃO

LUTA

HIPERCOMPENSAÇÃO

Se o indivíduo adota o estilo de enfrentamento de RESIGNAÇÃO, ele sente diretamente o sofrimento emocional do esquema e age de forma a confirmá-lo, sempre revivendo as experiências.


Se adota a EVITAÇÃO como estratégia, organiza a vida de forma que o esquema nunca mais seja ativado, afastando-se de atividades em que se sentem vulneráveis (incluindo terapia); bloqueiam imagens e pensamentos referentes ao esquema.


Por fim, se seu estilo é a HIPERCOMPENSAÇÃO, luta contra o esquema e comporta-se como se o oposto do esquema fosse verdadeiro; diante de um gatilho, contra-ataca.


Modos Comportamentais

Modo de Esquema Disfuncional é uma faceta da psique com esquemas que não foi integrada totalmente ao todo. Quando o indivíduo está agindo em um modo específico, encontra-se num espectro de dissociação.

Esses modos são agrupados em quatro categorias: modos criança, modos de enfrentamento disfuncionais, modos pais disfuncionais e modo adulto saudável.


Em uma situação de gatilho, um esquema pode se ativar e o indivíduo pode comportar-se como uma criança, a depender do esquema ativado, por exemplo: criança abandonada, criança abusada, criança privada, criança rejeitada, criança impulsiva/indisciplinada.


Em contraponto, um adulto saudável que se encontra diante de um gatilho que o leva à infância, pode acionar o modo criança feliz, cujas necessidades básicas emocionais encontram-se atendidas atualmente.

Os modos de enfrentamento coincidem com os estilos de enfrentamento, que abordamos noutro post. Quando encontra-se no estilo de resignação, o indivíduo comporta-se no modo de capitulador complacente, que submete-se ao esquema. No estilo de evitação, predomina o modo do protetor desligado, que se desliga psicologicamente do sofrimento, evitando pessoas e situações, abusando de álcool e drogas etc. No estilo de hipercompensação, predomina o modo hipercompensador, que reage de formas extremas para refutar os esquemas


Por fim, nos modos pais disfuncionais, quando um esquema é ativado, o indivíduo passa a se comportar de forma semelhante ao pai/mãe/cuidador internalizado. Há dois modos de pais disfuncionais: pais punitivos e pais exigentes.


Agindo como pai/mãe punitivo, o indivíduo pune a si ou a terceiros por "se comportar mal", com parâmetros excessivamente rígidos.


Agindo como pai/mãe exigente, o indivíduo pressiona a si ou a terceiros a cumprir padrões demasiado elevados.


O modo adulto saudável é aquele em que costuma impedir que as emoções e os comportamentos saiam do controle, especialmente em momentos de raiva. O modo adulto saudável luta contra os esquemas e busca uma vida emocionalmente satisfatória.


Este é o objetivo final da Terapia do Esquema: fortalecer o modo adulto saudável o suficiente no indivíduo, para que ele possa lidar com a ativação de seus esquemas no dia-a-dia.


Em outro post, abordaremos com mais detalhes os Esquemas Desadaptativos.

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