
Frequently asked questions
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A Terapia do Esquema é uma forma de psicoterapia que combina elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) com outras abordagens terapêuticas, como as teorias psicanalíticas, gestalt e humanista - sendo compatível, inclusive, com técnicas de Psicoterapia Analítica Junguiana.
Ao longo da vida, o indivíduo desenvolve padrões negativos repetitivos de comportamento que se tornam profundamente arraigados, chamados de esquemas desadaptativos.
A Terapia do Esquema busca identificar e abordar padrões, de forma a desenvolver uma maneira mais adaptativa e saudável de pensar, sentir e se relacionar com os outros.
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Esquemas desadaptativos são padrões negativos repetitivos de comportamento profundamente arraigados que se desenvolveram, ao longo do tempo, muitas vezes como resultado de experiências ou traumas na infância, como forma de defesa.
Alguns exemplos de esquemas desadaptativos comuns incluem:
Privação emocional: a crença de que suas necessidades de afeto, empatia e apoio nunca serão satisfeitas.
Abandono/Instabilidade: a crença de que se é indigno de amor e que os outros acabarão por deixá-lo ou abandoná-lo.
Desconfiança/Abuso: a crença de que os outros não são confiáveis e que o mundo é um lugar inseguro.
Defectividade/Vergonha: a crença de que alguém é inerentemente falho ou inadequado.
Isolamento Social/Alienação: a crença de que alguém é diferente dos outros e não se encaixa.
Subjugação: a crença de que as próprias necessidades e desejos não são importantes e devem ser reprimidos para evitar rejeição ou raiva dos outros.
Autossacrifício: a crença de que as próprias necessidades e desejos são secundários aos dos outros.
A manifestação comportamental desses esquemas ocorre mediante estilos de enfrentamento e também é influenciada por modos comportamentais. Embora tenham sido adaptativos na infância (ou seja, serviram ao propósito de fazer o indivíduo sobreviver). A perpetuação desses esquemas na adolescência e na vida adulta pode levar a uma conversa interna negativa, percepções distorcidas de si mesmo e dos outros e relacionamentos insatisfatórios. A Terapia do Esquema procura abordar esses esquemas e ajudar o cliente a desenvolver maneiras mais adaptativas e saudáveis de pensar e se relacionar com os outros.
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Os estilos de enfrentamento referem-se às maneiras pelas quais os indivíduos tentam administrar ou lidar com seus esquemas desadaptativos e com as emoções negativas que eles evocam. Os estilos de enfrentamento mais comuns são:
Resignação: desistir de suas necessidades e desejos e aceitar o esquema como imutável.
Evitação: retirada de relacionamentos ou situações que desencadeiam o esquema.
Hipercompensação: esforçar-se para provar o seu valor superando ou sendo excessivamente perfeccionista.
Esses estilos de enfrentamento fornecem alívio temporário do desconforto, mas, a longo prazo, reforçam o esquema desadaptativo e levam a mais emoções e comportamentos negativos. A terapia do esquema visa ajudar o cliente a identificar e mudar esses estilos de enfrentamento para que ele possa desenvolver formas mais saudáveis e adaptativas de lidar com seus esquemas.
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Os modos referem-se a diferentes partes ou aspectos da personalidade de uma pessoa (algo semelhante aos arquétipos junguianos, porém estes são coletivos), cada um com seu próprio conjunto de pensamentos, sentimentos, comportamentos e estratégias de enfrentamento.
Os modos são ativados em resposta a gatilhos específicos e podem ser adaptativos (por exemplo, um modo parental saudável) ou desadaptativos (por exemplo, um modo crítico de voz interna). Existem vários modos comumente reconhecidos na Terapia do Esquema, como:
Criança Interior: a parte inocente do eu que ainda experimenta sentimentos e necessidades associadas à infância.
Criança Vulnerável: a parte do eu que experimenta sentimentos de abandono, rejeição e privação emocional.
Criança Raivosa: a parte do eu impulsiva que expressa raiva quando confrontada com situações de impotência, frustração, instabilidade, abuso ou desconfiança.
Protetor Desligado: a parte do eu que protege contra a dor emocional, distanciando-se dos outros ou entorpecendo as emoções.
Pais Punitivos: a parte crítica e abusiva do eu que reforça os esquemas desadaptativos por meio de conversas e comportamentos negativos.
Pais Exigentes: a parte perfeccionista e controladora de si mesmo que estabelece padrões impossivelmente altos e nunca está satisfeito.
Adulto Saudável: a parte racional, compassiva e empática do eu que pode tomar decisões com base nas próprias necessidades e valores.
Esses modos podem interagir uns com os outros de maneiras complexas, levando a padrões negativos de comportamento e pensamento. A Terapia do Esquema visa ajudar o cliente a identificar e compreender esses modos, bem como desenvolver formas mais adaptativas de se relacionar com eles.
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Como se trata de uma abordagem mista, a Terapia do Esquema usa técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental, como psicoeducação, registro de pensamentos disfuncionais, reestruturação cognitiva, treino de habilidades e dessensiblização sistemática e dramatizações.
Esta abordagem inova, contudo, ao trazer outras duas técnicas muito importantes:
Reparentalização limitada: o terapeuta atende, de forma limitada, uma necessidade emocional não atendida na infância do indivíduo, quando este está se comportando em modo regressivo ou vulnerável.
Imagem mental: guiado pelo terapeuta, o indivíduo entra, de forma consciente, pela imaginação, em uma cena passada que lhe foi traumática ou importante, de forma a superá-la com suas habilidades atuais.
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A Terapia do Esquema, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Análise Funcional do Comportamento são todas formas de psicoterapia de base comportamental (behaviorista), que visam ajudar os indivíduos a superar dificuldades psicológicas, mas diferem em termos de orientação teórica e abordagens de tratamento.
A Terapia do Esquema combina elementos da TCC com teorias psicanalíticas e de relações objetais. Destina-se a abordar esquemas desadaptativos (padrões de pensamento negativo profundamente arraigados) que fundamentam emoções e comportamentos negativos. A terapia do esquema também se concentra no aqui e agora, bem como nas experiências da primeira infância, e emprega uma variedade de técnicas para ajudar os clientes a mudar seus esquemas, incluindo dramatizações e imagens mentais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma forma de terapia limitada no tempo e orientada para objetivos específicos, que se concentra na relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos. A TCC visa identificar e modificar padrões de pensamento negativo (cognições) que estão mantendo dificuldades psicológicas e comportamentais. Emprega técnicas como terapia de exposição, reestruturação cognitiva e ativação comportamental para ajudar os clientes a superar suas dificuldades.
A Análise Funcional do Comportamento se concentra em comportamentos observáveis e sua relação com o ambiente (função). Baseia-se no princípio de que o comportamento pode ser aprendido e modificado por meio do condicionamento clássico e operante. O objetivo da terapia comportamental é modificar comportamentos problemáticos por meio de técnicas como reforço ou extinção comportamental.
Em síntese, a Terapia do Esquema expande os princípios da TCC e da Análise Funcional do Comportamento, levando em consideração as experiências inconscientes e da primeira infância, agregando conceitos da psicanálise e outras vertentes psicológicas.
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Sim, a Terapia do Esquema pode ser adaptada para trabalhar com crianças. A Terapia do Esquema para crianças é chamada de Terapia de Relacionamento Pais-Criança (Child-Parent Relationship Therapy - CPRT) e é projetada para ajudar crianças com dificuldades emocionais e comportamentais, melhorando seu relacionamento com seus cuidadores primários, e evitando a formação de esquemas que podem vir a se tornar desadaptativos no futuro.
O terapeuta pode usar técnicas como ludoterapia, contação de histórias e trabalho de modos comportamentais para ajudar a criança a expressar e compreender seus pensamentos e sentimentos e desenvolver formas mais adaptativas de enfrentamento.
Na CPRT, o terapeuta trabalha tanto com a criança quanto realiza sessões de orientação com os pais e demais cuidadores, para auxiliá-los a identificar e mudar fatores ambientais que estão afetando o a criança.
Exemplo de sessão de ludoterapia